Estratégia: essencial há 2.400 anos

20 de janeiro de 2010 às 00:09
Por Carla Z. Salgado - www.administradores.com.br


O ambiente contemporâneo empresarial exige das organizações mais planejamento e visão de longo prazo – seja em tempos de crise ou não. E, ao contrário do que se imagina, não foi a globalização que trouxe a necessidade de planejamento. As empresas da primeira metade do século passado que sobrevivem até hoje, tornando-se importantes grupos empresariais, se destacaram porque tiveram criatividade e gestão de visão, antecipando e preparando-se para o futuro.

Planejamento é uma ferramenta administrativa para traçar e se programar antecipadamente rumo ao objetivo, que pode ser estratégico, tático e operacional, variando de acordo com o prazo, detalhamento das ações e característica de abordagem. O planejamento estratégico deve projetar a empresa como um todo em longo prazo e de maneira institucional. De seu desenvolvimento surgem os planos táticos, que envolvem os departamentos e são executados pelos níveis intermediários da organização. E, num nível abaixo, na base da pirâmide, vêm os planos operacionais, que abordam tarefas ou a operação isoladamente em curto prazo.

Os passos principais de um planejamento estratégico envolvem, a princípio, a criação ou manutenção da missão, visão e valores da empresa, os quais definem a razão de ser da organização, o que ela espera para os próximos cinco anos em termos de conquistas qualitativas e/ou quantitativas e a definição dos aspectos que a valorizam na prestação de seus serviços e do desempenho esperado de seus colaboradores e fornecedores

A partir destes marcos, definem-se as metas quantificadas em indicadores de desempenho corporativos de acordo com o setor em que está inserida a empresa, e, para a sua consecução, são definidas e priorizadas estratégias, derivando em planos de ação táticos e operacionais em que se estabelecem responsáveis para o cumprimento das ações, detalhando o custo para cada projeto e seu objetivo final, bem como indicadores como medida de desempenho.

O planejamento estratégico é um processo de cinco anos, cujo principal objetivo é desenvolver planos de ação coerentes com os propósitos da organização e com seu mercado de atuação, ser exequível e aplicável, e para tanto, desenvolvem-se ações com período de execução prevista de dois anos.

Nota-se, pelos prazos explicitados, que não há necessidade, portanto, de se manter uma área específica responsável pelo desenvolvimento do plano bienal ou quinquenal, e deste juízo advém à terceirização do planejamento estratégico cada vez mais usual, especialmente para as empresas de middle market, que têm seus recursos financeiros inteligentemente limitados.

A consultoria em planejamento estratégico direciona o trabalho, trazendo a experiência das melhores práticas de mercado à realidade da empresa, somando o histórico e conhecimento do corpo diretivo que participa ativamente do desenvolvimento do plano, com o suporte da consultoria no sentido de orientar e desenvolver projeções de resultado, investimentos necessários e retorno esperado, trabalhando a curva de maturidade das metas traçadas, além de organizar todo o trabalho, envolvendo todos os colaboradores.

O conceito de estratégia nasceu na China no século IV a.C. com o tratado A arte da guerra, de Sun Tzu, que abordou os princípios necessários para a formulação da estratégia de guerra, como a escolha do local de batalha, concentração de forças, precisão de ataque e gestão das contingências em forças diretas e indiretas.

O general francês André Beaufre defendia a força na resolução de conflitos e Maquiavel deixava clara sua posição na famosa citação “os fins justificam os meios”, entretanto Sun Tzu, que foi o pioneiro a escrever sobre estratégia, se destaca porque defendia, acima do conceito físico, o conhecimento. "Se você conhece o inimigo e se conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas" - Sun Tzu.

Trazendo esta teoria ao mundo dos negócios, pode-se afirmar que é da determinação do futuro esperado para uma empresa que se inicia a busca do sucesso e da estabilidade organizacional. Para tanto, é preciso que o planejamento estratégico seja definido pelo corpo diretivo da empresa, que é quem mais conhece suas metas e história, porém será fadado ao insucesso se sua difusão aos colaboradores for insuficiente ou ineficaz - sempre filtrando informações confidenciais -, pois é do trabalho coletivo em torno de um objetivo claro em comum, evidenciando seus benefícios, que provém o sucesso almejado.

Carla Z. Salgado é consultora sênior da Terco Grant Thornton, onde atua na Divisão de Serviços Especializados

Related Posts with Thumbnails

0 comentários

Postar um comentário

Indicadores / Cotação

Recados

Tradutor

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

Newsletter

Digite seu e-mail e receba as atualizações periódicas do Blog do ADMINISTRADOR

Blog do ADMINISTRADOR